A cerimônia de lançamento da exposição fotográfica “Nasce uma família, a história continua…”, realizada na terça-feira, 20 de maio, reservou um momento mais que especial para a família de Clarice Maria Concio de Oliveira: o reencontro emocionante com o juiz David de Oliveira Gomes Filho, magistrado que autorizou a adoção de Marcos Concio de Oliveira em 2006, quando atuava na comarca de Coxim.
Marcos, hoje com 29 anos, chegou na família de Dona Clarice depois que todos se mudaram para Coxim. O garoto nasceu com paralisia cerebral, necessitava de cuidados especiais e estava há quase sete anos em um abrigo da cidade. Foi quando Clarice o conheceu e, logo de cara, quis adotá-lo, independente de qualquer condição especial.
“Na época, o juiz me disse que o que eu estava levando para casa não era um objeto, era uma criança que precisava de amor e cuidados. Ele me perguntou se eu aceitava o desafio de ser a mãe dele e eu aceitei. Disse que não tinha condição financeira, mas que amor não faltava”, relembrou Clarice, que também adotou Daiane Concio de Oliveira, de 26 anos – ela também tem paralisia cerebral e necessita de cuidados especiais.
O juiz citado era David de Oliveira Gomes Filho, que à época atuava na comarca de Coxim. O reencontro entre o juiz David e a família foi um momento de grande emoção, especialmente para ele, que pôde ver, com seus próprios olhos, o impacto positivo de sua decisão. “Saber que, de alguma forma, fiz parte daquela história, me encheu o coração de alegria e de orgulho. Me fez lembrar como é grande nossa missão de julgar, de fazer o certo, de ser juiz. Foi um presente divino que me chegou sem avisar, num momento em que eu precisava ser relembrado desta missão”, disse o magistrado, visivelmente tocado.
“O Marquinhos nasceu com uma doença rara, seria incapaz de falar, de andar, de viver sozinho. Era uma criança com poucos anos de idade, talvez 1 ou 2 anos quando o conheci. Vivia totalmente dependente dos cuidadores, contratados pela Prefeitura de Coxim, que trabalhavam no abrigo”, conta David.
“Com muita frequência, eu me perguntava como poderia ajudar aquela criança, afinal, precisaria de cuidados por toda a vida, fisioterapeutas, médicos, remédios. O prognóstico era desanimador e eu, perdido, rezava por uma solução para ele. Fui ouvido e um anjo caiu do céu: dona Clarice.”, acrescentou o juiz.
David conta que, quando foi conhecer a realidade de dona Clarice, encontrou uma mulher com dificuldades materiais. Morava numa casa simples, tinha outros filhos e sua renda era pouca. Ele lembra que, naquele momento, ficou desanimado com as perspectivas. Mas depois de conversar com Clarice e os demais membros da família, o juiz se convenceu de que eles poderiam dar tudo o que Marcos mais precisava: carinho, cuidado e atenção.
“Ela me disse que só poderia oferecer amor para aquela criança e que sabia que Deus proveria o resto. Acreditei nela, e ela conseguiu adotar o Marquinhos. Por um bom tempo, a assistência social e o Conselho Tutelar fizeram um acompanhamento daquela família”, lembra o juiz.
Hoje, Marquinhos, com 29 anos, vive de forma plena, cercado por uma família que o ama e o apoia em todas as suas necessidades. Clarice, que há mais de duas décadas decidiu acolher Marquinhos como seu filho, sabe que o amor é a maior riqueza que se pode oferecer a uma criança. E a cada dia, ela e sua família se lembram do poder de um ato de compaixão que, como bem disse o juiz, se revelou um “presente Divino” que mudou para sempre a vida de todos os envolvidos.
“Já estava sendo um dia emocionante para a gente, e foi ainda mais emocionante encontrar o doutor Davi, que na época confiou muito em mim e na minha família. O Marcos estava em uma situação muito vulnerável e não era uma situação fácil. Foi fundamental a humanidade que ele teve e a confiança que ele teve na família da gente na época”, disse dona Clarice.
“Logo que vi o doutor aqui na exposição, tive que ir dar um abraço nele e agradecer por tudo que ele nos proporcionou, algo que transformou a nossa família. Já disse a ele que seremos eternamente gratos pelo presente que ele nos deu”, completa.
Fonte: Secretaria de Comunicação – TJMS | Foto: Divulgação
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